Cia de Notícias - Conceito em Noticiar 5l3h1d

Sabado, 24 de Maio de 2025
MT muda seu destino com

Agro 5z3z5i

MT muda seu destino com "boom" movido a China, fé e Bolsonaro u2v56

. r485f

IMPRIMIR
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem v3s6v
Máximo 600 caracteres.

O jornal Folha de S.Paulo trouxe na edição de quarta-feira (17) a tradução de uma reportagem originalmente publicada pelo Financial Times falando sobre o crescimento econômico de Mato Grosso ancorado no avanço do agronegócio. 402s63

A reportagem, assinada pelo jornalista Bryan Harris, relata que nos últimos anos o Estado se transformou em um dos maiores produtores mundiais de soja, sobretudo em razão do apetite da China. O texto ainda cita a popularidade do presidente Jair Bolsonaro em Mato Grosso e faz um alerta para problemas ambientais.

Leia abaixo a reportagem na íntegra:

Rodrigo Pozzobon sorri como se não conseguisse acreditar completamente em sua boa sorte. É o sorriso dentuço e atordoado de um homem que acaba de encontrar um tesouro.

De certa forma, ele o fez. Mais de 1.000 km a oeste dos grandes estados costeiros do Brasil – e mais perto, em linha reta, do Oceano Pacífico do que do Rio de Janeiro–, o agricultor está desfrutando de um boom que atraiu pouca atenção entre seus concidadãos e menos ainda no mundo mais amplo. Pozzobon, 35, é um dos reis da soja no Brasil.

Calçando mocassins de camurça e vestindo uma camiseta alinhada, ele aria facilmente por integrante da turma da Faria Lima –a elite de São Paulo, que vive, trabalha e se diverte em torno do distrito financeiro da cidade.

Mas Pozzobon nasceu e se criou no estado de Mato Groso, no extremo oeste do Brasil, e tem raízes profundas por lá. Seu pai trabalhava a terra para uma cooperativa na década de 1980, antes de estabelecer uma fazenda própria. Hoje, Pozzobon filho tem duas fazendas e duas casas. São Paulo só lhe é útil para ocasionais viagens de fim de semana.

“Não consigo me imaginar vivendo em qualquer outro lugar”, ele diz em inglês, antes de começar a falar em português, quando seu entusiasmo excede seu conhecimento do idioma. “Os lucros aqui são bons demais”.

Nos últimos 20 anos, Mato Grosso, um estado com área quase duas vezes maior que a da Espanha, se tornou um dos maiores produtores mundiais de uma safra tão lucrativa que os moradores locais a chamam de “ouro verde”. É um boom estimulado por mudanças geopolíticas, da ascensão da China, com sua demanda insaciável por produtos alimentícios, à chegada de líderes populistas como o presidente Jair Bolsonaro, que é ídolo para muita gente no Mato Grosso.

O boom também foi alimentado pelo tipo de destruição ambiental e pela extração descontrolada de recursos que vêm maculando a imagem internacional do Brasil nos últimos anos. Mato Grosso agora é dominado por plantações agrícolas vastas e planas, que lembram a região meio-oeste dos Estados Unidos.

Em sua porção norte, onde essa paisagem se encontra com a floresta amazônica, o estado se tornou um dos pontos focais do desflorestamento ilegal.

Mas esses não são assuntos que pesem demais nos pensamentos de Pozzobon. Riqueza e progresso são as palavras de ordem, e ele se sente otimista. “Poderíamos esbofetear a China e ela ainda viria comprar nossa soja, porque não tem outra opção”, ele diz. “Não há outro lugar de que comprar”.

Estados litorâneos como o Rio de Janeiro e a Bahia dominaram o Brasil por séculos. No século 20, a ascensão de São Paulo, um polo industrial, e a construção de Brasília como centro político transferiram para o interior o foco da maior nação da América Latina.

Agora ele está mudando de novo, para áreas no ado vistas como iníveis. Bem distante da depressão econômica que solapou a vitalidade de lugares como o Rio de Janeiro e São Paulo, Mato Grosso representa um território de fronteira em expansão, que vem desempenhando papel crucial na determinação do futuro do país.

Sua ascensão também está mudando a ideia central sobre o Brasil. A euforia da primeira década do milênio –quando o crescimento descontrolado das commodities fez do país o queridinho dos investidores internacionais– ou há muito tempo. O crime e a pobreza dispararam.

A corrupção continua enraizada e as instituições democráticas são frágeis. Bolsonaro –capitão reformado do exército e dado a ocasionais vulgaridades– conta com muito apoio no Brasil, mas sua retórica quanto ao meio ambiente e os direitos humanos está fazendo do país, aos poucos mas constantemente, um pária na comunidade internacional.

Com o Brasil prejudicado por uma crise de identidade, aqueles que vivem e trabalham em Mato Grosso propõem uma narrativa diferente. Sua terra de fronteira oferece uma história de esperança e oportunidade.

Trata-se de, como afirma Francisco Olavo Pugliesi de Castro, da Famato, uma associação que representa os produtores agrícolas do estado, “um novo Brasil que nem mesmo os brasileiros conhecem”.

A rodovia BR-163 atravessa o Brasil, com poucas interrupções, do sul ao norte. Dentro do Mato Grosso, o trajeto da estrada é reto, e dirigir deveria ser tarefa simples. Não é.

Um fluxo ininterrupto de carretas disputa a supremacia automotiva contra uma frota de picapes brancas –um símbolo de sucesso para os ricos proprietários rurais da região. Os motoristas estão cientes da localização das poucas câmeras de controle de velocidade na região e, nos intervalos entre elas, não existem regras. Imagine uma espécie de "Mad Max" agrícola.

O surpreendente é que o ruído desaparece, a alguns minutos de distância da rodovia. Se você virar para o leste ou para o oeste, se verá embrenhado em terra arável ininterrupta, uma planície que se estende por centenas de quilômetros. Nos quadrantes remotos do estado vivem comunidades indígenas, em terras demarcadas que são cobiçadas por aqueles que os indígenas denominam “kajaiba” [homens brancos].

A rodovia é uma peça de infraestrutura vital –se bem que precária– que permite que os reis da soja brasileiros levem seu produto ao mundo externo. Ela conecta as cidades de rápido crescimento em Mato Grosso, como Sinop, Sorriso e Nova Mutum, a Cuiabá, no sul, e às artérias fluviais da Amazônia, 1.000 quilômetros mais ao norte.

Encontrei-me com Pozzobon em Lucas do Rio Verde, uma cidade em expansão e planejada cuidadosamente, que está classificada entre os municípios mais desenvolvidos do Brasil. Lucas, como a cidade é conhecida pelos moradores locais, conseguiu que seu crescimento acelerado dos últimos anos resultasse em investimento na educação e nos serviços municipais. O desafio, para as autoridades locais, é gastar o dinheiro arrecadado em impostos com suficiente rapidez para acompanhar a disparada na população.

“É outro Brasil, aqui”, diz Pozzobon, que me conta que o Mato Grosso é o único estado que cresceu durante a pandemia do coronavírus (na verdade, as projeções são de que sua economia tenha se contraído em cerca de 1% no ano ado, mas esse continua a ser um dos melhores desempenhos entre os 27 estados brasileiros.) O motivo é simples, ele diz: “Na pandemia, as pessoas pararam de fazer muitas coisas, mas não pararam de comer”.

Respondendo por 22% do PIB (Produto Interno Bruto), o sucesso da agricultura é um dos raros pontos positivos em um país cujos setores de serviços e industrial continuam a encontrar problemas para se recuperar da recessão devastadora que surgiu cinco anos atrás.

Fernando Tadeu de Miranda Borges, professor de Economia na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), não vê sinais de desaceleração. “Mato Grosso propelirá o desenvolvimento econômico brasileiro”, ele diz, ainda que advirta que o sucesso depende de manter relações diplomáticas e comerciais, especialmente com Pequim, que Bolsonaro critica e insulta constantemente.

Booms agrícolas são um traço característico da economia brasileira desde a chegada dos primeiros exploradores portugueses, em 1500. Primeiro veio o açúcar, depois o café e o cacau. Também houve uma corrida do ouro no estado de Minas Gerais, para onde o influxo de mineradores foi tão grande, em dado momento, que causou uma onda de fome que resultou na morte dos garimpeiros recém-chegados.

No entanto, esses booms em geral ocorreram em terras fartas, já ideais para o cultivo, e em áreas relativamente próximas à costa do país, e dotadas de o à navegação e logística. No Mato Grosso, nada disso está disponível.

 

Para ler a matéria completa, e o site www.miciadenoticias-br.diariodomt.com

FONTE/CRÉDITOS: midianews
Comentários: 376z38